18 outubro 2006

Ainda sobre lulas e polvos



Quando começei a ouvir falar do Lula, subconscientemente ia sempre parar aquela série maravilhosa e saudosa do princípio dos anos '90, o Polvo.

Automaticamente desgostava dele. Confesso que, após o mensalão, todas essas comparações voltaram ao de cima. Flashes de episódios vêm-me à cabeça. Magistrados e mafiosos, padres e políticos, assassinos e moralistas todos a aparecer em cena ao mesmo tempo, não tenho nomes, nem me lembro das tramas, mas lembro-me que já na altura pensava que realmente a diferença não está na profissão, mas sim na atitude perante essa mesma profissão.

O compromisso que assumimos perante nós próprios vale muito mais que o nosso cartão de visita.

Mas hoje sei que o polvo é muito superior à lula. O polvo brasileiro come lulas ao pequeno-almoço e foi isso que aconteceu com o mensalão.

O lula não é um peão, mas é tão vítima do meio em que se insere como foram todos os presidentes anteriores a ele, desde que eu me lembro, pelo menos desde que Kubitschek montou Brasília e endividou o país a todo o mundo.
O nosso desafio é de tentar ver para além disso, tentar levantar as patas do polvo e espreitar por baixo a ver-se, no meio da trama, alguma coisa resta de bom.

E a lula tem deixado bem mais de positivo do que tem deixado o polvo comer.

Anarquia ou ditadura

Ouço falar sobre as eleições no brasil. Escuto notícias demagógicas. Vejo pretextos incoerentes e sem nexo. Recebo emails que mais parecem destinados a escolher a próxima Miss Pedra no Sapato que a escolher um Presidente.

O que eu digo não é nada de novo. Só existem dois tipos de organização que realmente poderiam mandar um país para a frente.

Anarquia ou ditadura.

A primeira corre o risco do laxismo a segunda da repressão.
Obviamente que eu, escolho a primeira.
Entretanto, vou apoiando o Lula.

Andam todos a dormir!!!


Podia também ter posto esta foto como justificativa da minha ausência. Mas a verdade é que não tenho andado a dormir. Senão vejamos as coisas interessantes que fiz nestes passados três meses:

- Apanhei uma jibóia de cinco metros aqui no meio do mato;
- Comi salélé vivo (um tipo de formiga de asa, que depois de lhe serem tiradas as asas torna-se num petisco local);
- Passei duas semanas no vietname;
- Uma em Porto Seguro e outra no Rio de Janeiro;
- Visitei três vilas Chokwe (Lunda Norte, Angola, África), tendo conversado com os Sobas locais (chefes de tribo), que me fizeram visitas guiadas a essas mesmas vilas;
- Apareci na TPA (televisão angolana), como alto representante de uma instituição desportiva (não me perguntem como);
- A minha única noite em Lisboa fui parar a uma casa de fados (isto não é notícia, só o é para os meus íntimos que sabem que eu odeio a coisa);
- Não li um único jornal durante um mês (singularidades de um homem do mato);
- Descobri que existe aqui um chefe de tribo que faz a melhor broa de milho que já comi (resquícios de uma vida passada);
- Entreguei o meu IRS;
- Comprei uma Playstation;
- Revi o Casablanca;
- Comprei umas meias novas...

Visão renovada sobre o mundo!


Voltei,

Vamos a ver se isto anima outra vez. Sei que desta será mais difícil. É sempre mais fácil dar à luz do que ressuscitar um morto. Mas como eu em criança cheguei a fazer umas experiências com moscas, pode ser que ainda não tenha perdido o jeito.

Adiante,
Após alguns meses atribulados, de ter aceite vir trabalhar para uma mina no meio das profundezas de áfrica sem acesso a blogs, e pouco tempo (a desculpa mais esfarrapada de todas) eis que estou de volta. Uma negociação com os gestores da rede aqui da mina, durante dois meses e meio resultou no acesso a alguns blogs, concedido hoje.

Celebro esta data com o meu regresso e com uma visão renovada sobre a vida. Acabaram-se ou pelo menos verão reduzidos os posts depressivos e voltará a tentativa de humor Pythonesque.

Prometo dedicação, esforço e devoção.
Viva o sporting