Estou a gostar deste debate. A ver se clarifico ou confundo ainda mais. .G refere-se ao conteúdo em vez da forma. Phil refere-se ao accountability.
O meu ponto é, com tanta porcaria pela qual pode ser accountable, porquê pegar numa mentira do currículo. Mentir aos portugueses quanto à subida dos impostos não é um pouco pior? (Embora aqui reconheça a destrinça destas duas mentiras, uma é imputada directamente ao caracter da pessoa enquanto a segunda é imputada ao caracter de um governo, e nós gostamos mais de fazer rolar cabeças).
Voltando ao ponto G da questão, existe a possibilidade de uma actuação criminosa do PM enquanto pessoa, favorecendo outros, ter um curso falso, etc. Então que se avalie o Sócrates pela mentira e o PM por tudo o resto (crime de conluio e de favorecimento, subida de impostos, etc).
E para isso, temos todo o accountability necessário (basta ver o fosso entre o prometido e o entregue), que de facto, em Portugal, é entendido como uma marca de pastilhas ou refresco.
E quanto à mentira do Clinton e à mentira do Sócrates que é o que está em causa! Sim, eles mentiram e por isso Clinton caiu. Mas pergunto mais uma vez, e continuo a achar que é esta a hipocrisia. Quantas vezes por dia mentem as pessoas. Quantas pessoas directamente afectadas pela mentira perdoam ao outro. Quantas pessoas chegam a descobrir que os outros afinal não eram tão qualificados como diziam que eram. Será que a mentira é uma verdade dicotómica. Ou és ou não és mentiroso? Daí a minha pergunta, sim menti ao dizer que não me envolvi com outra mulher, mas isso realmente interessa para aferir da minha qualidade como Presidente. Suponho que 90% das pessoas infiéis (e não são assim tão poucas) mentirão quando confrontadas com uma noite em que entornaram o caldo na tentativa de preservar um casamento, algo bem mais importante que o solo de saxofone na sala oval. E 90% das pessoas que eu conheço mente ou embeleza na elaboração dos seus cv's, para tentar um emprego melhor no qual se irão esforçar na tentativa de justificar a mentira.
E quando descobertos, os infiéis não perdem o título académico nem os intelectuais são postos fora de casa. Porque a mentira tem um enquadramento e um local onde ser julgada dependendo daquilo que ofendeu.
Mais lógico seria o Clinton ter-se divorciado e o Sócrates passar a ser tratado por Senhor. E seria este o castigo da mentira. Porque o facto do Clinton ter mentido aos americanos foi num assunto com o qual os americanos não têm nada a ver. E não tinham de se intrometer na vida dele. Por isso se levaram com uma mentira, azar! Realmente o facto do Sócrates ter mentido no currículo tem um pouco mais a ver com o povo português, porque ele trabalha para nós. Mas que seja avaliado por nós pelo seu trabalho tal como são todos os outros que mentem no seu cv.
Porque para avaliá-lo pelo seu cv existem as universidades, os conselhos científicos etc. Nunca vi, durante estes anos todos a Ordem de Engenheiros vir a terreiro a gritar aqui d'el rei que o sócrates não é engenheiro...
O gajo que seja enforcado por aquilo que realmente interessa e que não seja uma história à Al Capone, e não o mandem preso por fuga ao fisco!
20 abril 2007
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1 comentário:
não concordo totalmente, mas em grande parte... ao mesmo tempo, achei a explicação muito elucidativa! embelezar curriculos???
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