Ao longo destes últimos anos a viragem a oriente tem sido notável, em todos os aspectos da nossa vida, e na gestão também. O fascínio pelo espiritualismo enquanto lentamente perdemos o cunho católico fez com que nos virassemos para novas formas de procura de bem-estar, resultando nos autores esotéricos que existem por aí aos pontapés, na procura de exercícios mentais de relaxamento, feng-shui, tai-chi, meditação, reiki, etc...
A parte mais significativa destes tem origem no oriente, devido à sua forma asséptica e limpa que aborda os temas. Um restaurante de sushi é sempre um lugar espartano, relaxado, com motivos de água e madeira, invocando a natureza, fã do corpo etc...
Na gestão, os consultores de feng-shui aparecem como cogumelos e vêm-nos dizer como organizar a nossa sala de trabalho de forma a diminuir conflitos, a mobília que devemos comprar, e por aí fora.
Agora pergunto, será que só os orientais procuram este tipo de bem estar na sua vida, ou será que o modelo deles é apenas mais fácil de ser franchisado?
Parece-me claramente que é a segunda. Senão vejamos, existem noutras culturas este mesmo tipo de procura. Vejamos os rastafari. Não procuram o hedonismo mas sim um bem estar com a vida e com o corpo, um balanço entre mente e envolvente que pode ser facilmente comparável ao modelo nipónico.
O único problema é a sua franchisização (palavra linda esta). Imaginem um consultor com "dreadlocks" descalço com umas calças vermelhas a sair do gabinete do director geral de uma empresa em pleno dia. Será que funcionaria? Será que seria bem visto?
No entanto, procuram exactamente o mesmo que os colegas orientais. Uns utilizam paus de bambu, outros utilizam ervas "aromáticas". Imaginem que em vez de ouvir o barulho de um riacho, ou de uns piriquitos na floresta como barulho de fundo de um escritório se ouvisse reggae! Imaginem por fim que, em vez de procurarmos o zen que existe em nós, procurassemos por Jah!
Acho que ainda não estamos preparados para receber este novo modelo, mas prevejo que daqui a uns anos empresas de publicidade vão se virar para o modelo africano em detrimento do nipónico, e eu vou lá estar! E depois das de publicidade virão as de marketing e todas as outras...
JAH
RASTAFARI
30 janeiro 2007
28 janeiro 2007
Luz em Marrocos
Revisitei Chefchaouen. Fim-d'Ano bem passado na companhia de amigos mas com tempo livre, tipo ementa de excursão... Dia 1 - ir ver amendoeira em flor com tarde livre... Foi parecido.
O que gostei de chef outra vez foi a fusão da luz e cor da pequena vila montanhosa. Muito viciado em luz devido a lisboa, esta apanhou-me e cativou-me...
O frio das montanhas e do inverno dão aos dias sem nuvens uma transparência que a maior proximidade do sol não permite...
E assim andei eu passeando durante os últimos e os primeiros dias da junção dos dois anos...
O que gostei de chef outra vez foi a fusão da luz e cor da pequena vila montanhosa. Muito viciado em luz devido a lisboa, esta apanhou-me e cativou-me...
O frio das montanhas e do inverno dão aos dias sem nuvens uma transparência que a maior proximidade do sol não permite...
E assim andei eu passeando durante os últimos e os primeiros dias da junção dos dois anos...
Abortar a capacidade de ser razoável
A conversa da IVG é linda. Existem muitas questões mas parece que pouco se quer falar sobre o que realmente está em causa.
Do lado do não, as argumentações que mais se ouvem são, de que se a pergunta fosse elaborada de outra forma talvez seria melhor e a economicidade da coisa... Bom, fala-se de linguística e de economia portanto. Direito da mulher, isso é algo que definitivamente ninguém quer discutir e que não está nem nunca esteve inserido na nossa matriz cultural, por isso para quê começar agora. Uma vez ouvi o Raúl Solnado afirmar que era um machista porque a sociedade assim o obrigou... Fez-me lembrar o Sean Connery que diz, ao falar da mulher: "I slap her around once in a while to put her in place". Bonito, sempre foi assim e sempre será. A tradição pela tradição.
Mas vamos às duas questões mais faladas:
1 - A pergunta - obviamente que é uma fuga à discussão. Quando não nos restam argumentos, o problema é da pergunta. Se fosse só despenalização, tudo bem, agora a liberalização é que não. Ou seja, façam a cena onde tiverem de fazer, com raspadeiras com pinças e com facas do talho, porreiro. Se morrerem azar, se ficarem impedidas de ter mais filhos, a culpa é vossa e nós lavamos as mãos da coisa. E nem é essa a questão, porque se a pergunta incluisse só a despenalização seria porque a pergunta é incompleta e não contempla a liberalização. No fundo, é não querer mexer com o status quo ao mesmo tempo que se lava a consciência. Eu até nem sou intolerante, apenas tenho dúvidas quanto à pergunta.
Mas assim pergunto eu, tendo dúvidas quanto a uma pergunta, porque então votar não. Essa não é uma assumpção de que percebemos e entendemos a pergunta e que estamos em desacordo com ela... Portanto abstenham-se os linguistas que de repente proliferam no nosso país.
Vamos à segunda, ainda mais patética:
Eu não estou para estar a bancar os abortos dessas devassas. Elas que o façam mas não com a minha guita!
O que apetece dizer perante esta pérola é, WHATEVER!!!
Mas vou tentar elaborar melhor.
Puramente economicista... Se não abortarem num instituto de saúde às nossas custas podem acontecer duas coisas. Ou recorrem ao aborto clandestino ou não abortam. A segunda sai mais cara do que o custo de uma IVG em estabelecimento de saúde pago pelo estado. Só o abono de família por criança de uma família/mulher com condições económicas precárias, em 3 meses cobre o custo da IVG.
A primeira obviamente que é permitir que sejamos um país sem lei. A mensagem que passa é, nós sabemos que existe o crime, e simplesmente não queremos combatê-lo porque não temos guita para tal. Seria o mesmo que dizer, nós sabemos que temos corrupção no nosso país mas quando aparece alguém como o Cravinho que o quer combater, questionamos primeiro a forma (linguistica), e segundo os meios que isso envolve (oops, parece que é isto que também acontece). Ou seja, permanecemos passivos perante a ilegalidade, e assim enviamos sinais a toda a comunidade que nós estamos, no fundo, a cagar para que o nosso país seja o "texas" ou não.
E receber panfletos à porta da igreja e ouvir padres a promover sessões de esclarecimento também me deixa elucidado. É o nosso estado laico em funcionamento. Será que o meu padre poderia fazer publicidade a uma casa que eu tivesse à venda, tipo REMAX? Presumo que não, então porque o faz com um assunto que diz respeito à mulher e não a uma instituição dominada por homens?
Acho que é porque, se o aborto fosse legal há 2000 anos atrás, a "virgem" maria teria abortado, para não ter de mentir ao josé, com a patética história de que tinha sido papada por um anjo...
Isto tudo para dizer obviamente que Sim. Sempre sim, seja a pilula do dia seguite, sejam dez semanas, quinze, dezoito, o que seja. A mulher é quem decide. Se quiser ser ajudada na decisão que seja, mas a decisão tem de ser dela e não de uns legisladores ou fiéis (maioritariamente masculinos) que não se querem ter de preocupar com a situação. E nós temos de dar o direito a alguém, que se encontra sempre numa situação fragilizada, de poder decidir qual o rumo que quer seguir. Não podemos, do nosso conforto, dizer, agora aguenta. Não é saudável e não está correcto.
E só para acabar, para os iluminados que dizem que existem muitas mulheres irresponsaveis no nosso país e que iriam começar a fazer abortos à toa, sugiro que esses se juntem ao Sean Connery e ao Raúl Solnado e que formem um grupo de forcados e que se juntem aos fins de semana para ir à caça e, façam o que fizerem se escusem de emitir opiniões "espertas" sobre o que quer que seja!
Do lado do não, as argumentações que mais se ouvem são, de que se a pergunta fosse elaborada de outra forma talvez seria melhor e a economicidade da coisa... Bom, fala-se de linguística e de economia portanto. Direito da mulher, isso é algo que definitivamente ninguém quer discutir e que não está nem nunca esteve inserido na nossa matriz cultural, por isso para quê começar agora. Uma vez ouvi o Raúl Solnado afirmar que era um machista porque a sociedade assim o obrigou... Fez-me lembrar o Sean Connery que diz, ao falar da mulher: "I slap her around once in a while to put her in place". Bonito, sempre foi assim e sempre será. A tradição pela tradição.
Mas vamos às duas questões mais faladas:
1 - A pergunta - obviamente que é uma fuga à discussão. Quando não nos restam argumentos, o problema é da pergunta. Se fosse só despenalização, tudo bem, agora a liberalização é que não. Ou seja, façam a cena onde tiverem de fazer, com raspadeiras com pinças e com facas do talho, porreiro. Se morrerem azar, se ficarem impedidas de ter mais filhos, a culpa é vossa e nós lavamos as mãos da coisa. E nem é essa a questão, porque se a pergunta incluisse só a despenalização seria porque a pergunta é incompleta e não contempla a liberalização. No fundo, é não querer mexer com o status quo ao mesmo tempo que se lava a consciência. Eu até nem sou intolerante, apenas tenho dúvidas quanto à pergunta.
Mas assim pergunto eu, tendo dúvidas quanto a uma pergunta, porque então votar não. Essa não é uma assumpção de que percebemos e entendemos a pergunta e que estamos em desacordo com ela... Portanto abstenham-se os linguistas que de repente proliferam no nosso país.
Vamos à segunda, ainda mais patética:
Eu não estou para estar a bancar os abortos dessas devassas. Elas que o façam mas não com a minha guita!
O que apetece dizer perante esta pérola é, WHATEVER!!!
Mas vou tentar elaborar melhor.
Puramente economicista... Se não abortarem num instituto de saúde às nossas custas podem acontecer duas coisas. Ou recorrem ao aborto clandestino ou não abortam. A segunda sai mais cara do que o custo de uma IVG em estabelecimento de saúde pago pelo estado. Só o abono de família por criança de uma família/mulher com condições económicas precárias, em 3 meses cobre o custo da IVG.
A primeira obviamente que é permitir que sejamos um país sem lei. A mensagem que passa é, nós sabemos que existe o crime, e simplesmente não queremos combatê-lo porque não temos guita para tal. Seria o mesmo que dizer, nós sabemos que temos corrupção no nosso país mas quando aparece alguém como o Cravinho que o quer combater, questionamos primeiro a forma (linguistica), e segundo os meios que isso envolve (oops, parece que é isto que também acontece). Ou seja, permanecemos passivos perante a ilegalidade, e assim enviamos sinais a toda a comunidade que nós estamos, no fundo, a cagar para que o nosso país seja o "texas" ou não.
E receber panfletos à porta da igreja e ouvir padres a promover sessões de esclarecimento também me deixa elucidado. É o nosso estado laico em funcionamento. Será que o meu padre poderia fazer publicidade a uma casa que eu tivesse à venda, tipo REMAX? Presumo que não, então porque o faz com um assunto que diz respeito à mulher e não a uma instituição dominada por homens?
Acho que é porque, se o aborto fosse legal há 2000 anos atrás, a "virgem" maria teria abortado, para não ter de mentir ao josé, com a patética história de que tinha sido papada por um anjo...
Isto tudo para dizer obviamente que Sim. Sempre sim, seja a pilula do dia seguite, sejam dez semanas, quinze, dezoito, o que seja. A mulher é quem decide. Se quiser ser ajudada na decisão que seja, mas a decisão tem de ser dela e não de uns legisladores ou fiéis (maioritariamente masculinos) que não se querem ter de preocupar com a situação. E nós temos de dar o direito a alguém, que se encontra sempre numa situação fragilizada, de poder decidir qual o rumo que quer seguir. Não podemos, do nosso conforto, dizer, agora aguenta. Não é saudável e não está correcto.
E só para acabar, para os iluminados que dizem que existem muitas mulheres irresponsaveis no nosso país e que iriam começar a fazer abortos à toa, sugiro que esses se juntem ao Sean Connery e ao Raúl Solnado e que formem um grupo de forcados e que se juntem aos fins de semana para ir à caça e, façam o que fizerem se escusem de emitir opiniões "espertas" sobre o que quer que seja!
18 janeiro 2007
Ser líder...
Hoje em dia o que conta é ser líder!
Ele é um líder... Frase que acompanha pensamentos de grandes feitos, grandes capacidades, etc.
O Mourinho é um líder. Não conta para nada ele ter uma equipa que custou o dobro das outras todas, de ele ter sido amplamente bafejado pela sorte neste seu percurso recente? Não. O que conta é que o senhor é um líder.
Mas mais engraçado é que esta história de ser lider depois ultrapassa os feitos atingidos por esses mesmos lideres.
Se num café alguém ouvisse dizer: "Aquele homem é um líder!", automaticamente remeteria a sua imaginação para pensamentos nobres sobre o energúmeno, automaticamente atribuiria uma aura de quase santidade aquela pessoa que nunca antes tinha posto a vista em cima.
E assim, pessoas como o Pinto da Costa, o Belmiro de Azevedo, a dona do café onde eu vou (que tem uma capacidade extraordinária de liderança), o meu jardineiro, o Pedrito de Portugal, o treinador do seixalense, e a última aquisição (de quem eu hoje vi um livro nas bancas "Compromisso Nunca Desistir") Tomaz Morais (capitão da selecção nacional de râguebi), são todas elevadas ao estatuto de semi-deuses com uma palavra apenas.
Quanto ao meu jardineiro, a dona do café e o treinador do seixalense (que confesso, são personagens ficcionais, e a sua semelhança com qualquer situação real é pura coincidência) não me importa muito que sejam vistos como residentes do Monte Olimpo. Agora o Mourinho que é um animal, o Belmiro de Azevedo e o Pinto da Costa que foge aos impostos e que se envolve em escândalos serem tratados dessa forma, é que custa um bocado.
E tudo porque a brincadeira do momento no nosso país, ao contrário dos índios e cowboys quando eu era puto, é a dos líderes.
Todos querem brincar aos líderes... E eu resigno-me a andar de costas vergadas perante estes grandes senhores para evitar os olhares de escárnio e de nojo mal tente afrontá-los!
Ele é um líder... Frase que acompanha pensamentos de grandes feitos, grandes capacidades, etc.
O Mourinho é um líder. Não conta para nada ele ter uma equipa que custou o dobro das outras todas, de ele ter sido amplamente bafejado pela sorte neste seu percurso recente? Não. O que conta é que o senhor é um líder.
Mas mais engraçado é que esta história de ser lider depois ultrapassa os feitos atingidos por esses mesmos lideres.
Se num café alguém ouvisse dizer: "Aquele homem é um líder!", automaticamente remeteria a sua imaginação para pensamentos nobres sobre o energúmeno, automaticamente atribuiria uma aura de quase santidade aquela pessoa que nunca antes tinha posto a vista em cima.
E assim, pessoas como o Pinto da Costa, o Belmiro de Azevedo, a dona do café onde eu vou (que tem uma capacidade extraordinária de liderança), o meu jardineiro, o Pedrito de Portugal, o treinador do seixalense, e a última aquisição (de quem eu hoje vi um livro nas bancas "Compromisso Nunca Desistir") Tomaz Morais (capitão da selecção nacional de râguebi), são todas elevadas ao estatuto de semi-deuses com uma palavra apenas.
Quanto ao meu jardineiro, a dona do café e o treinador do seixalense (que confesso, são personagens ficcionais, e a sua semelhança com qualquer situação real é pura coincidência) não me importa muito que sejam vistos como residentes do Monte Olimpo. Agora o Mourinho que é um animal, o Belmiro de Azevedo e o Pinto da Costa que foge aos impostos e que se envolve em escândalos serem tratados dessa forma, é que custa um bocado.
E tudo porque a brincadeira do momento no nosso país, ao contrário dos índios e cowboys quando eu era puto, é a dos líderes.
Todos querem brincar aos líderes... E eu resigno-me a andar de costas vergadas perante estes grandes senhores para evitar os olhares de escárnio e de nojo mal tente afrontá-los!
Benvindos a dois mil e tal...
Sendo este o primeiro post deste ano, cabe-me a honra de dar as boas vindas a mais um ano igual a todos os outros.
Bom, para aqueles que consideram que 0,01% é uma diferença então retiro o que disse. E pelo que se ouve estes dias na rádio, na televisão e jornais existem muitos crentes nas décimas percentuais...
Eu cá olho para este ano do buraco onde nós, país pequeno, estamos enfiados e realmente não vejo escadas nem corda para sair daqui... e cada vez vejo menos luz deste sítio onde me acocoro...
Bom, para aqueles que consideram que 0,01% é uma diferença então retiro o que disse. E pelo que se ouve estes dias na rádio, na televisão e jornais existem muitos crentes nas décimas percentuais...
Eu cá olho para este ano do buraco onde nós, país pequeno, estamos enfiados e realmente não vejo escadas nem corda para sair daqui... e cada vez vejo menos luz deste sítio onde me acocoro...
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